sábado, 22 de junho de 2013

OSTENSIVA MATANÇA DE GATOS EM NITERÓI: PRESSIONEM O MINISTÉRIO PÚBLICO A TOMAR MEDIDAS

Na rua Botânico Frederico Guilherme Albuquerque, ou antiga rua 13, em Maravista, Itaipu, Niterói, os gatos de rua são sistematicamente envenenados, morrendo no mínimo um a cada semana.  Enviei há mais ou menos um ano um e-mail ao Ministério Público do Estado pedindo investigação e nem sequer recebi resposta.  O que indica que não haverá jamais qualquer investigação, porque, na opinião dos Exmos. Srs. procuradores estaduais, a vida dos animais é absolutamente irrelevante. 
Pediria a quem  seja afeito aos bichinhos que ajudem a pressionar a Procuradoria do Estado a proceder às averiguações que seriam pertinentes.  O site do órgão é www.mp.rj.gov.br   .    A rua é bastante pequena, uma travessa: se houver boa-vontade da Procuradoria, os bestiais, malditos e asquerosos assassinos serão facilmente descobertos.
Há pessoas que na mesma rua se esmeram em alimentar e cuidar dos animais abandonados, e a crueldade dos covardes e impudentes matadores lhes traz (e a mim também, que não moro lá) uma frustração, uma tristeza,  revolta e desolação que só quem ama os animais pode avaliar.

Por favor, compartilhem: alguma providência precisa ser tomada.   Aproveitem enquanto o MPE ainda pode investigar.


Barão da Mata 

ENQUANTO A NSA INVESTIGA OS PENSADORES

Deixem-me curtir o momento. Este orgulho inédito de ser brasileiro. Hoje, não falemos de amanhã. Vamos falar da hesitação patética de Paes e Cabral,atônitos, em dar as caras. Vamos rir da Dilma pedindo socorro ao sabichão Lula. Vamos ignorar a fala ensaiada desses políticos desqualificados e vamos saborear as televisões insistindo, ontem, em mostrar somente as depredações, preterindo a multidão pacífica e hoje, tendo que inverter o discurso, diante da inevitável repercussão. Hoje, não vamos pensar no final da história, porque o meio está bom demais.

Leônidas Falcão

NOME DE RUA DO DIA

Este espaço é dedicado a lançar um pouco de luz aos incontáveis nomes que vemos, ouvimos e até mesmo dizemos no dia a dia, percorrendo as ruas do Rio de Janeiro, muitas vezes sem ter a mínima ideia de quem está recebendo homenagem e até mesmo se aquela é justa. Afinal de contas, os heróis de nossa história estão sempre mais para Macunaíma, e mais recentemente, Tiririca.


Hoje:Alice Tibiriçá


Localização: bairro Vila da Penha, zona norte.

Homenagem justa?  SIM

O nome de Alice Tibiriçá está fortemente atrelado à dedicação pelas causas médico-sociais, culturais e à luta pelos direitos da mulher. É impossível, contudo, dissociar do contexto político as atividades engajadas que ela exerceu de forma tão eficiente.

Nasceu em 09/01/1886, com o nome de Alice Toledo Ribas, em Ouro Preto, MG, onde viveu até 1898, quando mudou-se com a família para o bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Durante o ano seguinte, perdeu os pais e mudou-se para São Paulo para viver com as tias.

Em 1912, casou-se com João Tibiriçá Neto (filho do senador Jorge Tibiriçá), de quem herdou o sobrenome.

Mudou-se para o Maranhão, acompanhando o marido, que houvera sido encarregado da construção de uma estrada de ferro naquele Estado. Durante este período, deu início a uma campanha de combate à lepra, que logo se expandiu por todo o país.

De volta ao Rio, em 1915, deu continuidade às iniciativas, liderando o pleito para que a enfermidade passasse a ser chamada de hanseníase. Até que, em 1926, criou a Sociedade de Assistência às Crianças Lázaras, que mais tarde se tornou Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra (SALDCL). Sempre assinalando tratar-se de uma obra de solidariedade e não de caridade, lançou perto de uma centena de agremiações filiadas por todo o país.


Em 1929, foi eleita presidente da Federação das Sociedades, e graças a seu empenho, em 1933 realizou-se no Rio de Janeiro (então Distrito Federal) a Conferência para a Uniformização da Campanha contra a Lepra, que resultou um Plano Geral de Combate à Hanseníase.

Por conta de sua liderança, passou a lidar com confrontos de natureza política. Presenciou o retrocesso no tratamento de leprosos, quando em 1932, por responsabilidade do diretor da Inspetoria de Moléstias Infecciosas, F. Sales Gomes, todo o trabalho de humanização no tratamento da hanseníase foi substituído por medidas drásticas, como o isolamento dos doentes. Nesta época, ela escreveu um livro, “Como eu vejo o problema da lepra”, editado em 1934, através do qual denunciou os maus-tratos sofridos pelos doentes.

 Ainda na área da medicina social, conseguiu a unificação das entidades de combate à tuberculose, criando, a pedido dos médicos psiquiatras, a Sociedade de Amparo aos Psicopatas, e uma entidade de apoio aos cegos.

Por sua dedicação, recebeu o reconhecimento do Comitê de Higiene da Liga das Nações Unidas.  Por Austregésilo de Athaíde, foi chamada de “santa leiga”.

Alice também se destacou na luta pelos direitos das mulheres. Representou a seção paulista da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino no II Congresso Internacional Feminista, realizado no Rio de Janeiro em 1931.

Em 1945, separada do marido, Alice lançou-se em campanha contra a carestia, com o apoio do Partido Comunista do Brasil (PCB). Ao mesmo tempo, em 1946, dirigiu o Instituto Feminino de Serviço Construtivo e fez realizar, pela primeira vez no Brasil, a 8 de março de 1947, as comemorações do Dia Internacional da Mulher.

Foi a primeira presidente da Federação de Mulheres do Brasil, entidade fundada em 1949 que centralizava as atividades das diversas organizações de mulheres do país, exercendo o cargo até a sua morte, no ano seguinte.

Nos últimos anos de vida, ainda participou ativamente da campanha “O petróleo é nosso”, ocupando a vice-presidência do Centro Nacional de Estudos e Defesa do Petróleo. Destacou-se como grande oradora e conhecedora do problema, e chegou a ser presa em agosto de 1949,  numa passeata promovida pela associação de Mulheres de São Paulo para anunciar o Congresso da Paz. Foi levada para São Roque e, enquanto esteve presa, desenvolveu-se intensa campanha “Onde está Alice?”. O último ato público de que participou foi a comemoração do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março de 1950, aos 64 anos. Faleceu, vítima de câncer, em 8 de junho do mesmo ano.

Leônidas Falcão

O ATELIÊ

Pela fresta estreita de janela, uma brisa lança em vôo a densa cortina, deixando assim que se mostrem tubos, latas, penas e cavaletes tombados. No alto de uma estante metálica, descansam oito esculturas, formas talhadas em madeira e sabão. Enquanto em outro canto quase ao breu, um enorme vaso estilizado abriga flores mortas, cujas pétalas secas se espalham no chão. 

Já mais próximo à janela, levanta-se uma única tela descoberta, borrada e interminada, como se vítima fosse de um súbito abandono e condenada a perecer assim, pela metade. Naquele painel surge uma cor, que vem dos cantos superiores, traçada para baixo. Vista na chama e no ouro, é o tom da sorte de se ver nascer mais um dia. E ganhar mais outro pra simplesmente viver.

Com o azul, pintou matas, serras e florestas. Do açúcar fez caramelo. Pois é o mesmo tal de amarelo, escorrido para o centro da pintura, que celebra uma nova mistura, do encontro com um novo pigmento.  

Uma outra cor, um carmim escaldante, dos batons baratos, acostumados a corar no espelho as bocas cheias de paixão. Arrasta-se de baixo para o meio este vermelho. É o sangue que pulsa, é vida. Não se duvida que casado a um anil suave, coloriu de lilás uma mínima camisola, incapaz de esconder os contornos de um corpo perfeito de mulher.

Todavia, jazem ali, mescladas naquela tela. E por mais belas que sejam, não produziram juntas mais que um marrom. Um marrom sem encantos, distante da pele ardente da mulata estonteante. Pode até lembrar o café perfumado das manhãs apressadas, ou quem sabe, ao máximo, um saboroso chocolate das noites frias da segunda infância.

Irremediavelmente misturadas e feias, num cromo melancólico e saudosista. É como se imaginam e lamentam. - Não deveriam deixar o azul - não param de lamuriar. Este, sim, segue reinando no alto dos dias de sol e das noites de lua, tom sobre tom.

Pois nesta tarde, finalmente, invertem-se os sentidos das pinceladas. E para tal, bastava assim querer enxergar. Do centro, onde são lama, se afastam para as extremidades, onde são únicas, acesas. E caminham assim, como um milagre, cores vivas outra vez, ainda meio desbotadas, solvidas por esparsas gotas de lágrima, por culpa da separação. 
 
Leônidas Falcão