Alguém é capaz de explicar em que absurdo se transformou a programação da TV aberta brasileira? Foi assim, meio depressa, meio devagar. E a gente sempre querendo crer no poder de escolha do telespectador. Quando acordamos, aquele velho e conhecido cubo luminoso tinha virado uma película delgada. Mas não é sua aparência, o que preocupa, é realmente o conteúdo.
Digamos que numa 
quina da tela, está o Pânico. O programa, que outrora carregava no humor non 
sense, carregou tanto que ficou ininteligível, e perdeu a 
graça. 
No outro canto, 
o retorno de João Kleber, com força total! ele com seus testes de fidelidade 
acima de qualquer suspeita.
As velhas 
novelas continuam monopolizando assunto por aí, como de costume. Ganharam outra 
dinâmica, é verdade. Os dramas vão e vêm com maior velocidade. Mas para resumir, 
atualmente, enquanto anseiam pelo beijo gay, vão testando a tolerância e 
vencendo, aos poucos, a resistência da audiência mais tradicional e 
conservadora.
O incrível mesmo 
encontramos na TV do Bispo. Lá vem o seu reality show rural em que os 
participantes são celebridades. O programa tornou-se, recentemente, uma 
tempestade de cusparadas na cara entre os "artistas". Coisa de pedir socorro ao 
Ratinho, de envergonhar qualquer um, menos a equipe do programa, que exibe, 
satisfeita, toda a baixaria, como se fosse uma entrevista do Amaury Junior no 
Copacabana Palace.
O mais 
assustador ainda está por vir. Não parece óbvio  que as "celebridades", ainda 
que não sejam artistas de verdade e sim oportunistas despreparados, deveriam 
prezar por sua imagem e manter assim a "boa fama", com o objetivo de construir 
uma carreira de sucesso? Então, por que, num programa de "famosos", esses 
indivíduos escancaram este comportamento sub-humano, mesmo sabendo que podem 
estar sendo observados por milhares, até milhões de pessoas?
Pois, amigos, 
ainda que conhecedor da predileção do Homem pelo sensacionalismo e pela 
polêmica, sempre acreditei que havia um limite para isto. Mas qual foi minha 
surpresa quando descobri que o espetáculo de cusparada alavancou a audiência do 
programa, dando sinal verde para os camponeses da TV usarem e abusarem da 
saliva.
Hipocrisia? 
Falso moralismo? Será mesmo? Pela primeira vez na vida me vejo do outro lado da 
questão. E todo aquele papo de que só assiste a porcarias quem quer, virou 
balela. Diante da falta de opções, o controle remoto virou uma arma sem munição. 
Ao menos para aqueles que não podem pagar para ter uma programação por 
assinatura.
Não quero, de 
forma alguma, propor uma Tropicália às avessas para pedir a volta da censura. 
Liberdade de expressão sempre. Isto não é uma questão de censura. É de bom 
senso.
Leônidas Falcão
 Cartaz das manifestações de 20/06/13 no Rio de 
Janeiro
 

